sábado, 12 de setembro de 2015

Creme de Ervilhas da Princesa e da Camponesa



Desconfio que os livros mais interessantes estão escondidos nas prateleiras das lojinhas dos museus. Adoro esses lugares! Recentemente fui "dialogar" um pouco com Juan Miró -no Instituto Tomie Ohtaki, em São Paulo- e fui dar uma espiadinha na Livraria Gaudí no hall do Instituto: encontrei algumas maravilhas que sequer ousei não trazê-las para casa.
Uma delas leva o título: "A cozinha encantada dos contos de fadas" -Katia Canton- Companhia das Letrinhas. A autora teve a feliz ideia de levar a literatura clássica infantil para dentro da cozinha. Pensando bem, nem é tão difícil assim -afinal, é na cozinha que preparamos porções mágicas em caldeirões grandes, cujo aroma sai pela rua como se procurasse todos os que ali passam e os enfeitiçassem para sentarem-se à mesa e saborear até a última migalha deixada no prato. 
O livro é lindo, sugere trazer as crianças para perto do fogão para se sentirem um Master Chef Jr. ou um daqueles cozinheiros dos palácios de reis e fadas.
Esta manhã, de posse deste livro mágico, que esperava ser aberto e saboreado, resolvi estabelecer um novo desafio: uma receita encantada por semana.
Para começar, abri na página 80 e encontrei o Creme de Ervilhas da Princesa e da Camponesa. É o que teremos para o jantar!


Preparo:

1. Cozinhe a ervilha numa panela com água -lembre-se: três medidas de água para uma de ervilha;
2. Em outra panela, refogue a cebola e o alho no azeite e em seguida acrescente a batata e a cenoura picadas. Cubra os legumes com água, tempere com sal e deixe cozinhar;
3. Quando ervilha e legumes estiverem bem macios, junte tudo e bata no liquidificador.
4. Acerte o sal, se necessário;
5. Sirva com croûtons.

Uma bandeja azul para servir meu príncipe.
Afinal, tanto no brasão da Família Santos como da Família Caruso predomina a cor azul


Mas, e a história?

A Princesa e a Ervilha é um dos contos de Andersen. Trata-se da história de um príncipe que buscava uma princesa legitima para se casar. O príncipe viajou o mundo inteiro a procura da princesa dos seus sonhos.
Havia várias princesas no reino, mas todas que lhe eram apresentadas tinham um defeito. Assim, era difícil saber se eram de fato princesas legítimas, (hum, desculpem o parênteses, mas dá para fazer ricas interpretações sobre príncipes e princesas legitimas  no mundo contemporâneo...). Certa noite, uma tempestade desabou naquele reino. Chovia muito quando alguém bateu à porta do castelo onde o príncipe morava e a própria rainha foi atender, pois todos os serviçais estavam ocupados tentando enxugar as salas por conta da chuva. 
Ao abrir a porta, a rainha encontrou uma moça, que se apresentou como princesa, pedindo abrigo. Como ela estava toda molhada, cabelos desarrumados e roupas grudadas no corpo, era difícil acreditar que fosse realmente uma princesa.
A rainha deixou a moça entrar, mas para provar a identidade nobre, pediu a sua criada de confiança que arrumasse a cama do quarto de hóspedes colocando um grão de ervilha no estrado e empilhasse sobre ele vinte colchões.
A princesa estranhou a altura da cama e usando uma escada, conseguiu se deitar. No dia seguinte a rainha quis saber se a moça havia dormido bem e ela respondeu: "Oh! Não consegui dormir muito bem, sua alteza. Havia algo duro na minha cama, que me deixou até uma manchinha roxa nas costas".
A rainha e o príncipe se olharam surpresos. A moça era de fato da realeza! Afinal, somente uma princesa legitima teria a pele tão sensível a ponto de sentir um grão de ervilha embaixo de vinte colchões. Finalmente o príncipe encontrou a sua tão esperada princesa que se casaram, viveram feliz para sempre e a ervilha foi enviada para um museu.


 GUIA 

- Livro: A cozinha Encantada dos Contos de Fadas
             Katia Canton - Ed. Companhia das Letrinhas
             1a. Edição - 2015

Semana que vem tem mais história e receita.
Apenas desfrute!

Angela Caruso

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