Em meados do século 16,
Etienne de La Boètie escreveu o 'Discurso da Servidão Voluntária'. Um texto instigante, que nos leva a refletir sobre a existência e permanência de tiranos que assumem o poder com o consentimento e obediência dos oprimidos. Segundo o autor, o homem não sabe lidar com sua liberdade e por medo, hábito ou covardia, opta em permanecer escravo do poder. La Boètie afirma, ainda, que a tirania se destrói quando não dermos ao tirano nossa liberdade e nossa consciência.
Mas, o que é essa tal liberdade? Somos livres? Quanto?
Uma tarde azul, com temperatura amena, reuniu os frequentadores do Café & Brioche com Sabor de Saber no caramanchão do Restaurante Olivia no último dia 12 de junho para ouvir, pensar e discutir com o prof. Benedito dos Santos, sobre a questão da liberdade, o ser e estar no mundo a partir de Jean Paul Sartre e o existencialismo.
"Somos indivíduos livres e nossa liberdade nos condena a tomarmos decisões durante toda a nossa vida.
Não existem valores ou regras eternas, a partir das quais podemos no guiar.
E isto torna mais importantes nossas decisões, nossas escolhas." Jean-Paul Sartre
Quanto às nossas escolhas, a questão é: são conscientes? Escolhemos por que concluímos por nós mesmos que este é o melhor caminho ou porque alguém nos leva a fazê-lo? E os outros? Que papel assumem quanto a nossa liberdade e nossas escolhas?
"O inferno são os outros", disse Sartre, chamando nossa atenção para a responsabilidade das escolhas feitas, pois não estamos sós no mundo e direta ou indiretamente interferimos na vida de "outros" assim como suas escolhas também nos atinge.
Ser no mundo ou estar no mundo? Como se dá a nossa existência? Para Sartre, assim como para Heidegger, 'ser é fazer-se ser' nossa essência -o que somos se constrói a partir da nossa existência.
O que importava para estes pensadores existencialistas era a autenticidade da decisão tomada. O limite desta construção da essência do ser é dado pelo tempo, melhor dizendo, pelo 'prazo de vida' de cada um, afinal, é a morte quem revelava a finitude do ser humano.
"Não havia mais céu para acolher a alma, nem o regaço de Deus para depositar-se as inquietações e as esperanças, o ser estava entregue a si mesmo, ao nada (niilismo). Uns aceitavam as coisas assim como são, sobrevivem apenas, "vivem" o seu cotidiano sem grandes inquietações, sem voltar-se sobre si mesmos. Outros, ao contrário, "existem", testam os limites da vida, lançam perguntas, indagam, enriquecem o ser, angustiam-se, querem fugir do tédio e da ansiosidade, sensibilizam-se."(Heidegger -Ser e Tempo, 1927)
Fazer desta existência o melhor que pudermos, para a construção de uma essência que perdure após a morte, que se dá a cada instante quando substituído por outro no instante seguinte.
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Participação de Roberto Tereziano declamando uma poesia durante as reflexões propostas. |
Bem, mas depois de tantas questões e reflexões, havia que se 'tomar uma decisão': o 'outro' -chef Henrique Benedetti- escolheu oferecer um cardápio junino para este café e coube a cada um 'tomar a difícil decisão' do que se servir. Sem dúvidas, uma prova deliciosa para testar as aprendizagem sobre Sartre e a liberdade. (rsrs)
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A mesa foi montada mesclado jogos americanos de chita com os redondos verdes |
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Cuscus, broinhas de milho, de amendoim e pãezinhos recém saídos do forno |
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Canjica, doce de abóbora, bolo de fubá com goiabada... |
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Difícil escolha!
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A melhor escolha do dia: estar com amigos no Café e Brioche com Sabor de Saber!
GUIA
Para saber mais sobre Sartre:
"O existencialismo é um humanismo" Jean Paul Sarte , 1946- disponível em PDF -http://stoa.usp.br/alexccarneiro/files/-1/4529/sartre_exitencialismo_humanismo.pdf
Av. João Pinheiro, 1135 - Poços de Caldas, MG
https://www.facebook.com/oliviarestaurante
Até mais!
Angela Caruso