Na cozinha, no quintal e no jardim : O terceiro livro.

Abrindo a programação do segundo semestre, a edição de agosto do Café & Brioche com Sabor de Saber recebeu o jornalista Wiliam de Oliveira apresentando seu novo livro: "Crônicas da vida privada". A tarde de temperatura agradável, contou com o tom sempre bem humorado do jornalista que, ao nos revelar como se dá seu processo de criação, proporcionou momentos de risos, reflexões e muita emoção.
A fim de criar uma dinâmica diferente, cópias de algumas crônicas foram deixadas nas mesas para que os participantes pudessem ter um contato inicial com o tipo de texto apresentado pelo escritor e que foram lidas em voz alta à medida que ele solicitava.

Cada linha escrita por Wiliam é uma representação do que observa dos acontecimentos do dia a dia que muitas vezes nos passam despercebidos. A curiosidade em desvendar o significado etimológico das palavras, a coragem e disposição de registrar tudo isso, fez com que o jornalista chegasse ao seu terceiro título.

À medida que a conversa foi se estendendo, fomos conhecendo um Wiliam de Oliveira sensível, romântico e poético. Sim, poesia parece fazer parte da vida do jornalista desde sempre, graças às palavras de sua mãe, que recentemente completou 98 anos de idade. Certo dia chamou-lhe atenção dizendo: "O que há com você? Parece que falta poesia na sua vida"! O que significa ausência de poesia? Falta de sentido? Falta de perceber que há beleza num dia cinza de inverno? Wiliam nos lembrou Drumond e sua "pedra no meio do caminho" -estas pedras podem ser qualquer coisa, mas sem poesia só conseguimos ver a pedra como pedra, a árvore como árvore, as coisas como coisas... Quando temos poesia na vida, não vemos apenas pedra, vemos todos os atributos possíveis: cores, formas, luz, esperança; vemos vida, vemos sentido no que fazemos.
O poder das palavras e seus significados... Quantas expressões usamos apenas porque escutamos um dia e nem sabemos ao certo o seu real sentido? Quais as palavras que nos movem, quais dão sentido a nossas vidas?

... " o certo é que a palavra 'mamãe' balbuciada em nossos primeiros dias, passe por mudanças no decorrer de nossas vidas. Na juventude, a vida nos convida a viver as ruas e nossa pressa reduz as palavras . 'Mamãe' perde algumas letras e vira apenas 'mãe'. É sintomático: ao aceitar o convite do que é passageiro, perdemos a noção do que é eterno. Como não temos tempo a perder, perdemos o tempo de conviver com quem mais nos dedica seu tempo. Não importa: ela continua lá, a orar em nossas despedidas, a esperar pelo nosso retorno."...

(fragmento da crônica intitulada Manhêeee! pag.100)

Assim, em meio a risadas ou expressões de reflexão e emoção fomos instigados a observar a vida e produzir os próprios textos. Neste momento, numa proposta inusitada para o Café & Brioche, Wiliam nos convidou a produzir um texto coletivo cujo produto final está registrado neste vídeo. Palavra foi o título escolhido:

A conversa foi longa e continuou durante o serviço de café. A mesa ficou por conta do chefe Henrique Benedetti que, além dos brioches, bolos, tortas... desafiou-nos com uma novidade: uma salada de frutas salgada,com melancia, tomate e azeitonas temperadas com um fio de azeite, cebola, ervas e lascas de parmesão.